STEFANY MENDES

Alan Mendonça

Nome : Stefany mendes

Biografia : 

Travesti, periférica, Nasceu no dia 2 de Abril de 1992, Filha legítima de Áries. Adotada por Francisca Mendes e José Edson, sendo filha mais velha, irmã de Daniel Mendes, filho biológico. Atriz ,cantora, compositora, figurinista, produtora que usa a arte como instrumento para passar sua mensagem e ideias para o mundo. Descobriu cedo uma outra realidade do mundo em perceber a essência das coisas, teve que aprender a ter coragem para enfrentar seus medos. Desde cedo já demonstrava interesse pelas artes, tendo seu primeiro contato com o teatro participando de aulas com o grupo Nóis de Teatro aos 7 anos.

Poesias

TRANSPASSADA (DOS)

Já fui vadia transtornada,
Hoje uma puta transtornada,
Já fui afogada em lágrimas reprimida por esse sistema, só
por ser
traumatizada!
E transpassada com essa corrosão,
Eu vendia meu corpo, e veneno,
Jogava na mente deles o que eu tava querendo e não estava nem vendo!
Vinham querer pagar de patrão só porque me davam 200tão,
Mas mal sabiam eles que eu também tava interada meu irmão!
E nesta vida eu já cheguei quase a partir, com medo de seguir, mas hoje,
entendi o porquê escolhi sobreviver eu transgredi o meu ser!
E aprendi um pouco de maldade pra poder sobreviver.
Dava uns grito de apavoro, era certo o choro aquela cara de
medo, todo
aquele transtorno,
Tentando sobreviver,
e na rua fria e sozinha
Eu estava eu ali,
cheia de amor,
mas pra vender,
não importava se era 50, 100, 150 pagavam pelo meu prazer,
E eu a me perguntar?
O que de tão grande eu tinha pra oferecer!
Se eram sorrisos, eu era crua,
Às vezes toda nua e eles a me rondar
E da mesma rua tive que sair vazada debaixo detiros e cortinas
de fumaça
com uma arma engatilhada na minha cabeça, um filho da
puta mandando eu
correr.
Demôniooo, eu gritava
— Se olhar pra trás, vai levar tiro na cara! Respondi:
Atira Filho da puta, que sou mais uma dessas putas que está
puta com essa
vida!

Transpassados

Somos corpos, em plena transição
Vinhemos aqui fazer parte da revolução
Resistimos nas rotinas que já não são mais em vão
Nosso grito, nosso brado
Aqui já foi declarado
Nosso bonde ta formado e tah chegando irmão
Muitos anos passei calada
sendo alvo criticada,
Enquanto perdem tempo se lamentando, me identificando
Vou tentando, seguindo firme e forte me reinventando,
Procurando novos ares para respirar
Se ligue no plano deles de nós matar.
Prepare-se para o combate seja um fiel guerreiro onde
sua arma é educar e isso
os deixa em desespero.
Atrito, Atrito, Atrito
Meu corpo sente medo e o cé-re-bro diz não ter perigo.
Olha o preço que pagamos pra ser
A mente para, …. Num desligamento sem proceder
Digerir
eu sempre fui afetada por isso me recolhi
e voltei, transtornada
Não tenho nada que me sustente
A não ser a arte em ser
Eu não quero sofrer por isso
Mas é que não dá pra sorrir pra sempre
89 STEFANY MENDES
Lembro do início
o que é tudo isso
Esse tudo, bem, é nada
Não somos iguais
Ou será que somos?
Estou inteira, porém me falta metade
Infância e juventude roubada por esses covardes
Eu me lembro
Me joguei em um abismo
E não estou falando de quedas
Me projetei, e mesmo sem asas voei
Eu sinto

Fração 1

De cabeça lavada, findado rolê
Rotina nas madrugadas.
Histórias cruzadas… a vida que pulsava, já não parecia
fazer sentido…
Papos conturbados, bebidas em meio trago,
do doce um sentido amargo,
impresso registrado,
na marca zero do início ser,
era um quadro…
se movendo a cada reconocimiento de mim ser,
Eu ali admirando a minha própria fotografia,
mas não era eu,
era um todo em um ser dentro de uma moldura dourada,
tão falsa,
imitando ouro envelhecido,
De undo paredes rachadas,
uma pintura chamuscada com um espelho posto refletindo a minha alma.
– Eu não estava só…
– Eu não me via só nas sombra…
Haviam outros seres que também estavam ali…
Há uma particularidade ai…
Eramos sombras…
Que se ligavam no simples breu, onde se era possível
tudo,
de um ápise de loucura, e nada era visto,
Trago em mim as memórias de traumas recém lembrados desse ser breu
desgraçado,
que compartilhava de veneno, cedendo tragos…
Mais R de rancor, V de vingança, S de superação,
Ela tinha cor… não suja e cinza como anda a esperança…
Já não havia espaço pra isso…
Me colori…
Travada,
Pensamento bugado,
O atrito está em mim,
Reflexo,
Em cotidianos perplexos,
Tento cuidar de mim,
Da minha vida, do meu corpo,
Do meu coração,
Como fazer isso sem perder a noção?
Lutando pra matar a fome,
Para ser aceita,
Para ter um teto,
Ter força para ser quem sou.
Hierarquias humanas,
assacinam pensamentos,
Nós trancam em celas e
nos secam de sede,
Bebo de lágrimas salgadas com lábios rachados que fazem doer as feridas,
quanto mais dor,
Mais choro,
Mais lágrimas,
Mais bebo,
E mais dor…
Matei minha sede,
Aprendi a suportar e conviver com a dor,
Dizem que agora somos livres,
Mas ainda estamos em celas,
Ah esperança em ser livre,
Costuro retalhos de boas memória,
Dos maus momentos fiz pano de chão,
Que depois de passado o torço,
E ainda tenho forças para deixá-los limpos.

No Coração

Eu so queria que você soubesse
O quanto é difícil viver com essa minha forma de ser,
Eu sei que nem todos pensam iguais, já deixei muitas idéias
pra trás, levantei
a cabeça e vim na paz sorrir.
Existe um mundo cheio de ambição, de drogas, de guerras,
de incompaixão,
Mas isso é por falta de amor no coração.
Nunca deixe que tirem isso de você, essa sua força de vontade pra vencer,
abaixe suas armas renda – se, que existe um mundo bom
para crescer.
No coração tem amor pra dar e vender.
Em vãos e vens da vida,
Me encontro em meio a diversos,
Onde cada um desfruta do seu céu e engole seu próprio
inferno!
Caminhando por cauçadas em meia noites na encruzilhada,
a minha sorte está
lançando.
Olha o fluxo que segue a mente, inconsequente,
Cuidado!
O movimento é diferente,
Quem está lá em cima sempre pisa na gente,
Mais uma vez!
A realidade da maldade isso é verdade, sempre tentando
destruir a nossa
imagem, mas vamos resistir!
Abaixem suas armas, renda – se!
Existe um mundo bom a crescer.