21 set SAMARA POETAX
Alan Mendonça
Nome : Samara Poetax
Biografia :
Sou mais uma poeta negra, periférica entre tantas, feminista e voz que ecoa revolução. Escrevo poesia desde 2017, graças a um projeto de literatura marginal proporcionado pela professora Tuyra Andrade. Já fizvários corres de sarau, slam e hoje faço parte da Pretarau, coletiva de mulheres negras e artistas.
Poesias
Cada corpo um medo
Corpos são diversos, cada qual com seu universo,
seu mundo não exposto, tão perplexo,
todo centro sem ser centro, todo gosto sem desgustar-se,
cada linha percorrida e aquelas tão escondidas, que nem
se tivesse mapa acharia
Toda fuga, toda culpa, tudo imerso.
Corpos são diversos.
Como podem rotular se cada lar se faz seu aconchego,
se cada um tem seus apegos, sua forma de amar
se uso a língua de uma forma, se prefiro aquela forma,
se não acredito no Deus e grito que eu sou minha deusa?
Cada corpo um medo.
Cada branco no preto, ou no colorido só pra contrariar,
só porque faz bem, cada forma, cada traço, cada abraço,
cada qual no seu quadrado, cada um no seu harém.
Propagação do caos
Meu país eu já nem sei mais como definir
Ele já não é aquele trecho cantado “abençoado por Deus
e bonito por natureza”
É que o Deus atual anda pregando guerra, ou melhor,
seus (in) fiéis,
De igreja em igreja, mais um pastor com suas ovelhas,
seus terrenos, sua casa, carros do ano
e a mão na cintura da criança de apenas 8 anos.
Paga o que tu deve, Silas Mala… Mala falsa.
Céu estrelado, coberto pelos tiros da polícia, da milícia, da
facção,
quem vai saber o corpo que vai preencher mais um caixão?
Extinção, manipulação, aldeia chacinada, poluição,
quem dera fosse só no planeta, talvez tivesse essa tal
“salvação”
Ainda há quem diga que esse colapso ambiental é acidente,
há quem diga que vai ter fiscalização daqui pra frente
“Inocente?”
É muita loucura, as bocas murmuram, a alma sussurra:
morte ou revolução.
Mão na boca, tira a roupa, estatística de mais uma mulher
que saiu na hora errada.
Culpe a bebida, culpe o batom,
pois nesse mundo moderno também temos estupradores
inocentes,
Jamais serão os culpados.
E no prato, quatro caroço de arroz contado,
mas não, fome pra ele é ilusão.
Agora me faz conseguir explicar isso pros menor do meu bairro,
aí sim, quer saber quem te desmente?
O olhar ou o ronco da barriga de cada inocente
quem não deve ainda está temendo e cada dia que se
passa eu vejo preto morrendo.
E em vez de oração de agradecimento,
fazemos encruzilhadas pra ferir quem não me acrescenta,
tanto ódio, más vibrações e eu querendo portar uma 12
pra acabar com os dias de pesadelo da minha coroa,
e no 12 mais tragédias, Bienal, preto imoral, cacatua velha.
Maio ou abril, não importa nem o mês,
tá tudo ruim em qualquer estação, presídio, homicídio, luto,
e em vez de orações de agradecimentos, perdemos tempo com reclamação.
E eu grito: Deixa eu gritar que as periferias vivem!
Deixa eu gritar que elas querem viver!
Deixa eu me formar pra, quem sabe, eu fazer igual à Tuyra
faz pros moleque do CCB,
e no BNB, nas escolas, na Gentil, na Bienal,
até pra São Paulo eu fui pra calar a boca de geral.
Deixa eu gritar, que se pelo menos um me escutar já vai valer
É que de onde eu venho Favela não é lugar de paz,
Lá nós até tenta, mas é só olhar as estatísticas, nada muda,
nas esquinas ainda é a mesma coisa, enquanto eles vigiam a nossa madruga, a gente reza
pra não confundirem a chuteira ou pra eles não jogarem
sobre um de nós a tal da culpa
Pokideia pra quem muito fala, pra quem pouco faz,
mas onde eu grito, eu digo e repito
Não me subestime. Enquanto tu tá na frente e eu tô atrás,
tu vai e volta e eu tenho construído bem mais.
Meu país eu já nem sei mais como definir, é que ele já não
Agora me faz conseguir explicar isso pros menor do meu bairro,
aí sim, quer saber quem te desmente?
O olhar ou o ronco da barriga de cada inocente
quem não deve ainda está temendo e cada dia que se
passa eu vejo preto morrendo.
E em vez de oração de agradecimento,
fazemos encruzilhadas pra ferir quem não me acrescenta,
tanto ódio, más vibrações e eu querendo portar uma 12
pra acabar com os dias de pesadelo da minha coroa,
e no 12 mais tragédias, Bienal, preto imoral, cacatua velha.
Maio ou abril, não importa nem o mês,
tá tudo ruim em qualquer estação, presídio, homicídio, luto,
e em vez de orações de agradecimentos, perdemos tempo com reclamação.
E eu grito: Deixa eu gritar que as periferias vivem!
Deixa eu gritar que elas querem viver!
Deixa eu me formar pra, quem sabe, eu fazer igual à Tuyra
faz pros moleque do CCB,
e no BNB, nas escolas, na Gentil, na Bienal,
até pra São Paulo eu fui pra calar a boca de geral.
Deixa eu gritar, que se pelo menos um me escutar já vai valer
É que de onde eu venho Favela não é lugar de paz,
Lá nós até tenta, mas é só olhar as estatísticas, nada muda,
nas esquinas ainda é a mesma coisa, enquanto eles vigiam a nossa madruga, a gente reza
pra não confundirem a chuteira ou pra eles não jogarem
sobre um de nós a tal da culpa
Pokideia pra quem muito fala, pra quem pouco faz,
mas onde eu grito, eu digo e repito
Não me subestime. Enquanto tu tá na frente e eu tô atrás,
tu vai e volta e eu tenho construído bem mais.
Meu país eu já nem sei mais como definir, é que ele já não.
Ligada a ampulheta, entre troca de falas, mágoas, rimas,
tormentos olhares e tretas, 3 minutos pra nois é pouco
mas nois segui fazendo valer cada centésimo
É que em 3 minutos eles ja não se lembra da chacina do
curió, pois se deparam com dandara, espancada e morta a
tiros sem dó, não se lembram de Mariele, Marcos Vinicius
de João Pedro ou Miguel, nem Agatha, enquanto a gente
segui lembrando cada um deles e escrachando o presidente e sua corja em cada fala, mas cada sarau que eu participo tem mais número de homicídio pra eu por em 3 minutos,
cada verso um sofrimento, cada frase premeditada, ditada
por realidades que quase nunca são mostradas na TV
Cada vez que gritamos PRESENTE
Pra lembrar alguém que não tá presente.
Sigo meu papel fazendo do papel meu lugar de desabafo,
de aprendizado, sem tempo pra disputa, sem tempo pra
agradar quem não acrescenta, dividindo o pódio com os
melhores num mundo de verme que tal hora se passa de
aliado,mas todos sabemos o que ele pensa quando tá no
quarto sozinho vendo as mana ganha seu espaço.
Vocabulário, expressões, locuções, não me impresiono,-
teu diploma não me afronta.
3 minutos e quem aplaudiu não sentiu a dor de cada fala
porque não entendi que poesia se escuta com os ouvidos
e se entrega pra alma
Enquanto os salvos da bala e pela religião comemora o
preenchimento de 32 crianças assassinadas
48 Samara PoetaX
Fascista no pódio e no porte a travesti morta a pauladas
Racismo reverso? Só no seu mundo paralelo.
Formação? em bares em ataques de becos ou perdido no
massacre, fuzilamentos, chacinas e o menor de hk vendendo maconha na minha esquina
enquango declamar por revolução tem sido minha sina
Porque pra nois eu quero todo ouro e prata, por cada livro
sem nossa história,
mas que vai sendo pela boca de cada preto liberta,
por cada poeta perdido na sua própria poesia.
Por cada vocabulário que só existe ódio racismo, homofobia e preconceito.
Senta calado e me escute pois no meu vocabulário grita
resistência de mais uma preta do gueto.
Preta, sobre os anseios do teu povo,
Oh preta, gritando na rua por socorro,
Preta, batalhando em cada sinhá de iPhone 7,
em cada vez que eles gritavam 17,
cada vez que sua favela foi destaque na manchete.
Ô preta, sua dor infelizmente não viraliza,
sua dor não comove, pra eles é só estatística.
Sem voz, sem vez, mas sigo atrevida por cada vida
Aqui quem vos fala é mais uma preta poeta favelada,
herdei o silêncio de minha mãe, a culpa de minha vó
mas na rua aprendi a gritar por mim e por quem faz revolução.
Desconstruindo padrão, jogando verde sem intenção de
colher maduro,
sem intenção de derrubar ninguém.
Eu não me desculpo com a sociedade por não pensar
em feto no ventre,
Nem por cada gozo de um corpo igual ao meu, por cada
culto que eu saí na metade,
por não me sentir à vontade naquele almoço do domingo
E por cada vez que eu menti pra meus amigos,
e todos as risadas que dei na derrota dos meus inimigos.
Sem voz e sem vez, atacando tudo, porque até hoje eu
sou o alvo,
quem tá no pódio comigo, eu sinto,
E pouca ideia pra quem paga de aliado.
Sem voz, sem vez, enquanto na cadeia alimentar um fascista presidente
50 Samara PoetaX
Enquanto a gente tenta revolução, sobrevivendo em
uma sociedade toda doente.
Aos que apertaram 17, me expliquem:
como matar um vírus com fuzil, sem investimento pra
ciência, sem estrutura na emergência?
Ficando em casa! Mas os que nem casa têm? E os que
se sustentam fora dela??
Poucos sabem e quase ninguém viu
Álcool em gel previne o Covid, mas não tem o que limpe
o fascismo no Brasil.
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