21 nov ROSA MORENA
Rosa Morena

Nome: Rosa Morena
Biografia :
Rosa Morena nasceu em Itapipoca (CE). Cursou Pedagogia. Em 2014, foi premiada com o Livro Jaci, a filha da Lua no Edital Paic, Prosa e Poesia. Em 2015, lançou Movimentos Intransitivo. Recebeu Menção Honrosa em dois certames: no XVIII Prêmio Estadual Ideal Clube (2015) e no Prêmio Carlos Drummond de Andrade, de Brasília (2017). Em 2018, Lançou o livro Micropoemas e foi premiada com o Livro Pedro, o menino do mar no Edital Mais Paic da Secretaria da Educação. e foi destaque no XX Prêmio de literatura do Ideal Clube, Prêmio José Telles com o poema Tessitura Poética.
Poesias
Estranhamento
Mesmo colada em mim
Por vezes me estranho
Um susto do que não sou
Um cisco que me absurda
Um corpo que me reduz
Um olhar preso em distância.
Mesmo colada em mim
Por vezes me estranho
Um caminho que me furta
Um luar que me oculta
Um senão que me confunde
Uma palavra que cai morna.
Mesmo colada em mim
Por vezes me estranho
Um vazio do que não sinto
Um tempo que me aprisiona
Um andar que me sufoca
Um hoje que só me trai.
Desenho de um olhar
Não era feio
Tinha cabelos que pareciam planta
Galhos grossos, armados de tempo
Tinha grosso modo de existir
Fincado no chão feito planta
Os cabelos tomavam-lhe as feições
Essa mania que eu tenho
De querer ver os olhos.
Tessitura do Tempo
Não há transparência andando nas esquinas
Ruídos são silêncios das horas
Absurdos são gemidos do tempo
Muralhas mais altas que sonhos acenam
Nada é simples no complexo dos dias
Desgastes e fastios percorrem consciências
Nenhum gesto evidencia desejos
A anestesia paralisa a marcha dos transeuntes
Toda a cidade dorme para além do meio-dia
As perguntas envelheceram sem respostas
Nenhum argumento ousa invadir o tempo
Sobre varais roupas adormecem
Na plateia a voz não se levanta
Falácias em voo oblíquo criam miragens
Há noturnos em todos os olhares.
Ode à Segunda-Feira
Nem sabia que era segunda-feira
Fui comprar um desejo na sorveteria da esquina
Contei moedas para levar um Drummond
Colhi poemas que nasciam de um sorriso
Povoei de memórias a velha casa abandonada.
Nem sabia que era segunda-feira
Plantei utopias nos telhados que anoiteciam
Bordei de palavras os azulejos do jardim
Ultrapassei sinais que me interrompiam
Experimentei a Pasárgada de Bandeira.
Nem sabia que era segunda-feira.
Paisagem
Acompanho o movimento da cidade
Que me aparece da janela
Mas sou crepúsculo
Ainda que asfalto
Sou sonho
Ainda que destino
Sou silêncio
Ainda que barulho
Sou futuro
Ainda que presente.