RAISA CHRISTINA

Raisa Christina

POESIA_DE_FORTALEZA-POETA- RAISA CHRISTINA

Nome: Raisa Christina 

Biografia:

Raisa Christina é artista visual e escritora. Graduou-se em Artes Visuais pelo IFCE e concluiu Mestrado em Artes pela UFC, com pesquisa dedicada ao desenho partilhado com jovens skatistas de mapas de seus percursos em Fortaleza. É autora de “mensagens enviadas enquanto você estava desconectado” (Editora Substânsia, 2014) e co-autora de “danza” (nadifúndio, 2018).Integraa”AntologiadecontosLiteraturaBR”(EditoraMoinhos,2016)ea coletânea “As cidades e os desejos” (2018, Selo Editorial Aliás). Tem ilustrado vários livros de literatura infantil, além de coletâneas de contos e poemas. Participou do Projeto UrbanoArte BR em 2017/2018, através do qual realizou projetos de intervenção urbana em Fortaleza. É autora convidada para a edição de 2019 doprojetoArtedaPalavra-RedeSESC de Leituras. Mantém a página na web ​corposonoro.tumblr.com​.

Poesias

Instrumento 

Algo que me permita
prolongar as ondas
levantar grandes pesos
ou estirar os braços
até tocar o vinco
do teu seio.

Labirinto 

desenhar com teus olhos
de santo um homem comum
cujos ombros alinhados às serras
produzem um semblante belo como a vista do mirante de onde os pássaros
nunca voltam .

Leite 

Nunca antes havia me deparado com a floresta do alto as copas das árvores se propagam cerradas umas às outras num tecido infinito enquanto largas serpentes de água barrenta contornam ilhotas e demarcam praias doces diferentes das minhas onde tudo é salgado inclusive o beijo a nuca o suor dos amantes. O homem que quero é meu conterrâneo ele sabe bem do que estou falando quando menciono o gosto salgado de certas coisas algumas até de tão duras podem explodir leite na minha boca como a seiva das seringueiras que junto ao medo da seca seduziu nossos antepassados cearenses a emigrarem para o norte do país .

Ícaro

Você remava entre os barquinhos no Mucuripe apertava os olhos para enxergar apesar da luz derramada do fim de tarde
a cor laranja entrava pela esquina do olho suas pernas dobravam-se para que eu me sentasse no seu pau o mar
era tão liso e eu tropeçava no amor que se rendia por você
paralelo às águas.

Retrato

Não sei o que há no seu rosto que tanto conheço e me faz
marejar mais além
há também toda a porção desconhecida e você nubla quando passa a mão
no cabelo baixa o queixo ou machuca minhas coxas.