RAFAEL GOMES

Rafael Gomes

POESIA_DE_FORTALEZA-POETA- RAFAEL GOMES

Nome: Rafael Gomes 

Biografia:

Brasileiro, 35 anos, natural da cidade de Itapajé-Ce e residente em Fortaleza-Ce. Bacharel em Direito-UFC. Mestre em Políticas Públicas do Ensino Superior. Servidor Público da Universidade Federal do Ceará. Estudante informal da palavra, pratica poesia desde os 18, atualmente com produção voltada ao projeto musical Vento Mareia.

Poesias

Surgi no mundo em curto traço aflito 

Surgi no mundo em curto traço aflito
e fui por tempos um rabisco breve
moldado em vida, fui-me sendo escrito como um Soneto que em si mesmo escreve
Com a pena em punho pus-me ao brusco rito: compor-me em metro que um soneto deve… perfeitamente fui-me sendo escrito
com certo metro que já não me serve
Rasguei-me a folha em farta fúria e ofensa à antiga língua, amarga, muda e morta  e pus-me a redigir-me em novo ser:
Em novas letras e com nova crença,
a cada tempo o texto certo entorta
em mil sonetos… sempre a me escrever…

Trabalho 

Nem astronauta
nem músico
nem bombeiro
quando crescer
quero ser
estrangeiro .

Aí Dentro 

Vez ou outra é tudo teste
um quase-querer sem ânsia
ou uma certa experiência
nascida sem lá muita importância
Outro em vez há de ser falso
teatro de um só impulso
uma respeitável tentativa de fé
vez ou outra pode ser até
uma quina não varrida
de um pedaço esquecido do que se é
São as curvas da Papisa Joana
mulher de marte vaticana
que provou por A + B
que qualquer equação
antes de ser
engana
É que simplesmente
pode ser mentira
mesmo com a vontade sendo inteira
mas depois do verso dito
ou do gesto feito sem alarde
cobrarão por tudo isso
se acharem que virou verdade.

Auto-análise 

Estranho essa forma com que me vejo Buscando em mim, em cada gesto e ato O padrão sensato de cada feito
Como se houvesse algum padrão exato
É como ler-me em poema estreito
Ou ver-me em filme que ainda é filmado Tornei-me tenso por causar-me o efeito  De achar que estou a ser sempre vigiado
Cruel tal deus que pode ser capaz
De despejar tamanha maldição:
Deixar-me ser meu próprio Capataz.
Por fardo, busco em cada pincelada,
Ainda que não deva ser buscada,
A linha incerta rumo a Perfeição.

Mucuripe Chernobyl 

Jangurussu, Fukushima, Maremoto
Titanic, Iracema, Mucuripe, Chernobyl
palavra inchada que arrebenta boca e couro nem tudo que brilha é lodo
em cada pedra que pariu
lata chumbada faz crescer vidro no solo chora o chorume de óleo
escorrendo do navio
Jangurussu, Fukushima, Maremoto
Titanic, Iracema, Mucuripe, Chernobyl.