PAULO PEREIRA

Paulo Pereira

POESIA_DE_FORTALEZA-POETA- PAULO ROBERTO

Nome: Paulo Pereira

Biografia:

Paulo Roberto Pereira de Araujo tem 54 anos de idade, natural de Iguatu, Ceará. Transita entre a arquitetura, a música, a poesia, a crônica e as artes plásticas. Embora produza de modo profícuo, não tem obra literária publicada. Já foi premiado no Festival Talentos FENAE 2017 com a poesia Canção em dor menor.

Poesias

Canção em dor menor

Tudo que quero é uma canção em dor menor
Talvez não me faça entender
Quando nas cordas, dou um nó Pra suspender
Tudo que quero é um horizonte mais azul
Quem poderia decifrar
Quando me lanço assim, taful Em pleno ar.

Não é coragem ou covardia
Pedido em lágrima, sangue, suor
Curta metragem de agonia
Tudo que eu quero é uma canção em dor menor.

Choro

É que eu trago uma alma carpideira Que facilmente cai no choro
– Ah, estou cansada, dá um tempo!
Ela ignora
Leve, diáfana, atravessa a fronteira
Faz-me perder todo o decoro Ah, escancarado sentimento!
E a gente chora
Por essa gente com dores, agruras
Nuas de sonhos
E que só tem desesperança
Pela criança de olhar incerto
Pelo deserto que cultivamos
Regado com o sal de tantas lágrimas
Tantas faltas Silêncio
Mesmo chorando, minh’alma não se conforta
ampouco a dor do mundo sara
Essa alma barata que se importa Sai-me tão cara.

Fado seco

No solo rachado a vela enfuna Corre, solta a corda
E o catavento que range, rege rígida bruma
No céu coroado a lua empina
Foge toda a horda
E o lamento que rasga, reza, ri e esfuma
Um redemoinho açoita a areia
Singra suassuna
Antes de tudo um forte, firme, fé e faca Crava o espinho,
a sereia Sangra na laguna
E verte, náugrafo, sôfrego, súbita ressaca
Há de vir Já foi anunciado no mormaço Aracati
E o navegador de linhas tácitas
Soçobrando em suas próprias lágrimas.

Franciscana

Alma descalça no caminho
Mal disfarça o torvelinho
E me veste da incerteza Presa do voto, vaidade
Que se lança à correnteza
Palma com chagas e o carinho
Que afaga o passarinho Vem, me pisa com leveza
Para depois voar covarde
Pois conhece a natureza
Escuta o meu acalanto Enquanto o lobo não vem.

Valsa úmida

Ah, minh’alma desolada Barda,
hoje acordou Úmida
como uma valsa Que me atravessou
Escorreu por entre notas Tortas,
como um punhal Traiçoeira e descalça
Jurou que era tal e qual
O enlace de um romance
E a nuance do frisson
Molhou-me com essa valsa
Sem tempo e sem tom.