PATRÍCIA LOPES

Patrícia Lopes

Nome: Patrícia Lopes

Biografia:

Sem Biografia

Poesias

Porquê faço tantos trajetos

Risco muitas linhas
no chão desta cidade
traçando percursos que sempre me levam aos meus amores
risco a folha do solo.
Alguns desses percursos
furaram desenhos no chão
tantas vezes que eu passeichegando a criar depressões geográficas de desejo
e também de angustia.

A melancolia de não-criar-terreno
e fazer casa no coração dos rapazes
guiava meus passeios
e me conferia algumas habilidades,
de modo que ao te visitar,
eu não apenas levava duas horas,
eram dezenas de quilômetros de ruas
e pessoas e desenhos e desejo e sonho e calçada
que me levavam a ti.

A luz do sol de manhã nos meus cabelos
me acompanhava
e também desenhava o formato das coisas

A esquina entre a praça e a rua da tua casa
era sempre muito sinuosa
posto minha velocidade
e o alvoroço de estar num território que só tinha teu nome.
Eram colisões entre pernas
e pensamento e calçada
e gente que ia na padaria.

Pequenas colisões aconteciam num raio em torno de tua geografia,
isso porque o centro era um buraco negro
que me sugava
alterava minhas partículas
mudava minhas orientações biológicas de espaço-tempo.
e o campo magnético da terra se desnorteava.
E toda vez eu construía o mundo.
Aprumava o passo,
corrigia o desenho,
organizava as partículas
até que minha bussola não te localizasse mais.

Mas,

caminhar até tua casa
não era ir para ti.
era estar comigo mesma
transbordando e inundando cada metro
vivendo cada esquina
com meu olho mais faminto.

Caminhar até tua casa
era me perceber a própria intensidade
e essa
é o volume do gole que a gente dá nas coisas
por que existe uma sede
(E esse era o seu nome).

ERA PRA EU CORRER

 

Quando eu te vejo
as coisas todas a minha volta
ficam mais difíceis de ver
passam correndo
eu quase corro, mas não corro
de modo que essa pretensão me aperreia.
aí o corpo acelera sem sair do lugar.
era pra eu correr, mas eu não corro.
o coração bate correndo
o sangue circula num outro fluxo
uma respiração que muda
e vem o suor,
o calor das coisas agitadas
a boca seca,
deixando evidente uma sede
eu tento disfarçar esses acontecimentos todos
mas é inútil
porque todo mundo vê
que eu não estou correndo.

AULA DE DANÇA

Há espaços vazios em meu corpo
vazio-sujeito
aquele que é algo
que tem presença e se materializa
que não é vácuo
mas um componente deste corpo
que não feito apenas de preenchimentos
mas também de vazios palpáveis
lugares que
pode – ou não
abrigar o que vem de fora.