27 nov MEIRE VIANA
Meire Viana

Nome: Meire Viana
Biografia:
Sou poeta experimental. Minha poesia dialoga com o Concretismo, o Neoconcretismo e a poesia marginal no Brasil dos anos 70. Tenho um blog, o Palabirintrusando, um canal no youtube, o Leituras Poêmicas, e também poemas publicados em algumas revistas literárias eletrônicas, como a Diversos & Afins, Amaité, Literatura & Fechadura e Incomunidades. Tenho, no momento, material inédito para publicação no formato livro. Sou professora de Português e Literatura na rede pública estadual do Ceará. Promovo, regularmente, saraus na escola para o público adolescente. Mesmo tendo frequentado os meios acadêmicos (Mestrado e Doutorado), é com a poesia marginal e com os eventos de saraus pela cidade que me sinto à vontade com minha arte poética.
Poesias
Inalo poesia chamuscada do que sobrou do mundo
e já ofegante expiro palavras não ditas picadas pisadas pisoteadas do que restou do mundo
palavras não escritas rabiscos sonoros no ar que arriscam voos
incertos atravessam pontes invisíveis e ressoam pelos escombros
com seus redemoinhos de verso cobrados
versos náufragos vórtices perdidas no mundo
perdido com seus sobreviventes sôfregos
entorpecidos de fumaça e dor
e de metáforas em chamas.
Na terra brasilis de desencantos mil
sem várzea céu palmeira em cismar
sozinha à noite mais prazer encontro ver alguém
desfolhar bandeira desenredar
letra de hino exercer ufanismo
para o bem da nação bufaneira.
Tempo de remendos
alinhavados do tecido gasto
alinhado nos cortes profundos de fendas e brechas acidentais
descosture tudo, tempo e de novo
emende pedaços de história
recapitule novelos teça novelas
desfivele vincos e cintos vista outras texturas
e outros textos
destempere.
desafio os fios os nós os laços
ocupo o estado cinza o opaco dos espaços
trago cores vivas nas vestes desbotadas
que não valem um tostão
nem metal nem vil nem mil
vestes-molduras de um corpo
indeciso entre o vermelho dos céus
e as margaridas azuis
é corpo que pede cor
e se enlameia pelos cantos descimentando a manhã.
Bacantes dionisíacas mênades
mulheres-marias-vai-com-as-outras-de-luta
de vontades
de veneta
de repentes
de lua
de um querer-ter-ser disso-daquilo
livre arbítrio
pró- mundo soltas a dar saltos
altos dissolutas de lutas de correr vales,
rios, mares ultrapassar margens
vislumbradas inundadas de suas águas
turvas límpidas vermelhas
sem eufemismos sem juízo e sem jus.