LUCIANA ROBERTO

Luciana Roberto

POESIA_DE_FORTALEZA-POETA- LUCIANA ROBERTO

Nome: Luciana Roberto 

Biografia:

Luciana Roberto escreve paródias e rimas desde o ensino fundamental, mas só em 2017 passou a levar a escrita a sério, quando uma professora pediu um texto dissertativo sobre a AIDS, e o que saiu foi um cordel. De lá pra cá, foram dezenas de poemas escritos. Já publicados, são 4 cordéis impressos que podem encontrados à venda pela autora nos ônibus da cidade.

Poesias

Astro

Houve um tempo em que havia Sol
Nublava de vez em quando
Mas era nuvem passageira
Se chovia, era de saudade
Porque nos maltratava a distância
Nunca havia sido tão feliz
Depois de ter vivido tantos temporais
Nem acreditava que fosse real
Que você fosse mesmo o meu
Sol Mas meu movimento de translação foi finito
A ti, todo o meu agradecimento
Mostrou-me o amor que nem eu sentia por mim
Surgiu naquela noite de sábado
Com os ligamentos do joelho rompidos
E tudo o que eu quis foi cuidar de você
Foi bonito o que a gente viveu
Nunca esquecerei o bem que me fizeste
Mas você foi embora do nosso sistema
Acabou-se a força gravitacional
Que me permitia andar contigo
Outros astros passam perto
Mas nenhum acaba com essa escuridão
Que ficou depois da tua partida
Porque depois que me soltou
Vieram outras tempestades
Desde então, chove quase todos os dias.

Basta de violência contra a mulher

Não importa o espaço
O assunto é constante
Mulher apanhando
E morrendo esse instante
Tem lei que obriga
O homem que briga
A ficar distante
Mas será que só isso
Deve nos bastar?
Eu lembro até mesmo
O caso de Eloá
Foi interrompida
Perdeu sua vida
Fez o brasil se calar
A lei é injusta
Contra a mulherada
Que desde muito cedo
Já está na batalha
Lutando pela vida D’irmã, mãe ou amiga
Não há quem a cala
Mesmo batalhando
A mudança foi pouca
Quando se impõe, se coloca
É taxada de louca
E se for violada Assediada, estuprada
Já perguntam sua roupa
Mas isso não mostra
O verdadeiro motivo
Pouco importa se era
Um biquíni ou vestido
Ter posse da mulher
Até matar, se quiser
É chamado machismo
Os dados assustam
E não param de crescer 60 mil por ano
E mais devem ocorrer
O número informado
É estupro registrado
Fora o que não se vê
Mas dá pra enxergar
Até dentro de casa
Se ela não quer, e ele força
É mais uma violentada
Muitas não acreditam
Nem sequer imaginam
Que não são obrigadas
Não há outro caminho
Senão reivindicar
Exigir os direitos
Que querem nos tirar
Para ter reduzida
Nossa jornada tripla
Só nos resta lutar.

Descanso de bunda

Ei, você que aqui passou
Dê de sua atenção um pouco
Professor ou estudante
Dona moça ou caro moço
Preciso de sua ajuda
De reclamar, fiquei muda
Quero que faça um esforço
Olhe aqui que o assunto é sério
Não vou te dar mole, não!
Pode não ter sido tu
Mas peço compreensão
Muito me foi relatado
Do espaço prejudicado
Vou deixar de enrolação
Padari’Espiritual*
É sobre isso que eu te falo
Tu já sabe a importância
Que tem esse nosso espaço
Se é preciso eu te lembrar
Veja o que eu vou falar
Na cuca deixe guardado
Pra manter o espaço limpo
E sempre bem conservado
É gasto bastante tempo
Tem suor, também trabalho
Mas vou ficando frustrada
As mesa desarrumada
Tudo desorganizado
Mas a principal razão D’essa carta ser escrita
Foi a utilização
De maneira indevida
Do objeto tão comum
Onde tu bota o bumbum
E fica a pensar na vida
A partir do dia de hoje
Muda o nome do objeto
Que te deixa aqui sentado
E o corpo um pouco quieto
Vou limitar as palavras
Pois se não a nossa carta V
ai ficar com mais de metro
Descanso de bunda eu chamo
Aquilo ao redor da mesa
Porque essa é sua função
Entre nessa brincadeira
Deixe de ser gaiatão
Lugar de pé é no chão
Não em cima da cadeira
Agora que tu entendeu
Está dado o meu recado
Repasse a informação
Pros amigo e pros chegado
Que quando alguém for sentar
Das instruções vai lembrar
Vai ficar tranquilizado.

* Cordel feito em campanha de “conscientização” sobre o uso da cadeira na Sala de Multimeios Padaria Espiritual – EEM Gov. Adauto Bezerra, a pedido de Laura Lobato, que trabalha na Padaria.

Diabo Poético

Tô sentindo um negócio
Parece mais um bicho
Comendo o meu estômago
Comendo o meu juízo
O tempo passa assim,
Num estalar de dedos
Na barriga tem fome
E na cabeça, medos
Por que tá desse jeito?
Nem sei qual’o motivo
Tava de bucho cheio
E pensamentos resolvidos
Por que tô escrevendo?
Iss’eu também não sei
Talvez pra chegar sono
Talvez porque sonhei.

Má companhia

Não sei se seu nome
Começa com A ou Começa com D
Se tem nome duplo
Ou se são duas
Talvez sejam gêmeas
De placentas diferentes
Só sei q já ouvi Falar dela, delas
Mas nunca me disseram
e está comigo
Se estão comigo
Ou se estou com ela
Se estou com elas
Mas sei que me procuram
Às vezes sei que estão perto de aparecer
Às vezes me pegam de surpresa
Nunca tô pronta pra elas
Mas as recebo quase sempre
Quando não o faço, Elas invadem, pé na porta
Mesmo que Eu receba
Ou pareça Você, vocês
Não são bem-vindas nesta casa
Queria que fossem embora, deixassem-me em paz.