26 nov LUANA BRAGA
Luana Braga
Nome: Luana Braga
Biografia:
Luana é escritora, fotógrafa, ilustradora e compositora. Seus vídeos-poemaestãodisponíveis no seu canalyoutube.com/insolitaviagem.FezmúsicasemparceriacomJoyceCustódio,Jord Guedes, Guilherme Cunha, Charles Wellington, PedroFalcão,ZéRodrigueseJoãoPirambu. Junto às poetisas Carolina Capasso e Marta Pinheiro produz o sarau itinerante ‘Casa de Poesia’. Publica poemasnoblogliterário‘LeiturasdaBel’ena‘RevistaMaracajá’,ambosdo Jornal O Povo; e nas revistas online ‘Confraria’ e ‘Mirada’. Recentemente, teve seu material literário-fotográfico “Nunca mais eu digo: eu te amo” exposto na Galeria do IBEU, na Livraria Lamarca, ambos em Fortaleza, e no IFCE-Campus Acaraú, por conta do Agosto Lilás. O catálogo deste material encontra-se disponível nolinkhttps://is.gd/NuncaMais.Éde sua autoria a galeria instagram.com/insolitaviagem, no Instagram.
Poesias
Dormiu bem ?
tu me perguntou — mas não te respondi
levantei e já olhava longe pela tua janela: o cheiro do teu quarto, o desarrumado do edredom, tuas meias jogadas, a cidade acontecendo lá embaixo, o quente do dia que começava
, tu tornou a perguntar chegando-me perto, me beijando o ombro, — e eu te sorri já indo pra sala
ainda nua, buscava minhas roupas pelo apartamento todo: a saia — entre as almofadas do sofá, as sandálias — em cima do tapete da sala, os brincos — sobre o vidro da mesinha de centro
revia toda a cena, tentando acordar: as taças da noite anterior, o perfume ainda na sala, a vontade de um café, a ideia de passar na praia me tirando o juízo, e tu — e o teu cabelo assanhado
, tu me parou no meio do meu sutiã
pareceu segurar-me pelos braços como que pra eu não te fugir: teus braços, tuas tatuagens, os olhos claros, a barba desalinhada,
o hálito quente, o fundo de armário, a posta-restante e milênios-milênios — no ar.
Meu Carnaval
Meu carnaval independe de fevereiro.
É maro, é janeiro.
Eu: carnaval eu sou: o ano inteiro.
E carnaval é em mim: e para mim um desterro.
e carnaval eu sou feita: carnavalesceo de manhãzinha; só me ponho em terreiro.
Carnaval sou eu toda: minhas veias-serpentinas;
minhas hemácias: purpurina;
minhas sardinhas: eu-confete: minha carne, meu cerne.
em comigo e me dana: um samba ualuer, um forró de deus-uiser.
Eu, carnaval: meu sangue verte um frevo-amarelo-uente: o ano-todo: malemolncia carnavalescente.
Eu só sou um samba-bom ue ferve-uente.
O amor nasce de um simples quando.
rompe-se e: uma noite: cruzam-se nossos sonhos.
E aí, já somos só nossos desejos mais insidiosos: derramamos o mel quente nas nossas bocas.
Rente: o amor ferve sibilante-quente.
É insistente.
O amor não se abafa: temente.
O amor cresce é no por-entre.
Saudade…
Há tristeza
em não termos sido.
Agora,
meus pés sangram a tua ausência: tua presença em todo lugar.
No meio do meu samba:
toco sem sentir meus dedos;
sinto o torpor do teu cheiro;
vejo em outros pescoços o teu jeito; sinto o teu abraço envolvendo o meu corpo.
Giro no ar:
desmaio no meio do sábado,
atrapalhando o enredo.
Toda a bateria acode os tamborins: caixeiros, surdos, chocalhos, agogôs, cuícas e repiques sem norte.
Não há mais céus;
nem infernos
— só saudade…
Eu morri?,
me pergunto ao acordar.
Ano passado eu morri,
mas esse ano eu não morro.
imagens insólitas.
Mapas inexistentes
esbravo mares de palavras enquanto escrevo poemas sobre caminhos incertos: só sei ue tudo o ue uero é tudo.