LAÍS EUTÁLIA

Alan Mendonça

Nome : Laís Eutália

Biografia : 

Cearense de Fortaleza. Historiadora em formação, contadora de histórias, poeta, sonhadora e, dentre todas as coisas, vivedora. Filha do sol e das marés e escreve como quem deságua. Chega junto do movimento de saraus de Fortaleza e da Biblioteca Comunitária Okupação. Tem mão boa para plantas e compõe juntamente de mulheres maravilhosas a baRRósas, coletiva de escritoras periféricas cearenses. Publicou nas Antologias “O amor nos tempos de lonjura” pela Editora Mirada Janela e “Fragmentos de tsunami” pela Aliás Editora, ambas publicações em 2020.

Poesias

Ansiejazz
Aconteceram-me flores nos dedos
na horizontalidade dos dias
brotaram sóis
mornos e sem açúcares
ansiedade é adubo
que rega este solo
só, só… solo.

Da série: Poemas sem nome

Descavo antigos maremotos
e enfrento a lonjura dos teus cabelos.
rodopiando feito folha no meio da rua, sigo
como num vendaval de areia, sigo
feito a ressaca do mar, caminho
entre tropeços e impulsos
sinto os pés no asfalto
e o calor do sol de meio dia
ao passar por essas ruas
reparo o engodo de fios
nos postes elétricos
(lembro de nós)
alta tensão inconstante.

Fim do mundo ou do mês, nem sei…

Fim de mês é mermim que tá vendo
o mundo se acabando
a derradeira semana
é temperada a mortadela
e bife do oião
enquanto isso
professor não pode
falar de política
em sala de aula
(suspiro de raiva)
saberão eles o que é política?
ou só compreendem a dimensão
da politicagem corriqueira
enlameada pelo discurso
fuleragem de meritocracia?
na rádio toca
“sempre roubaram
o que eu mais-valia
e eu não gosto de ladrão”
diz um tal zeca
se despedindo do patrão.

Temporal

Houve um baile no céu
rodopiaram
por todos os ângulos
feixes de luz
enfeitando o tempo
num balé agitado
de lampejos sincronizados.

Não vá se perder

Não se perca
em mares que mais
parecem covas rasas.
nem amarele seus tantos sorrisos.
nenhum mero mortal pode
te cortar as asas.
só se perca para se encontrar
nada mais
lembra-te:
a vida pode ser o paraíso
dentro de nós.