21 nov JOSÉ SOARES
José Soares
Nome: José Soares
Biografia:
Nascido em Fortaleza, em 16 de março de 1984. É poeta, Bacharel em Direito e sócio-fundador do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais.
Poesias
Austeridades – ou como se diz eu te amo
Quantos pratos azuis saltaram
tudo por conta dessas palavras:
eu te amargo
eu te amargo:
voz no silêncio, escraviza
eu te amargo:
boca seca salivando nome
eu te amargo:
instante de ordem
que cria necessidade
em uma liberdade obrigada,
diminuindo estados
eu te amargo
feito praga
porque eu te amo é insustentável
Mara Hope II
A cidade tem labirintos fantasmas
flutuando no Atlântico
onda pós onda
naufragamos no sal
banhados de areia e azul
como barco solitário
como Sol sob a Ponte Velha
quedamos
corpos em ciclo de decadência
nessa Fortaleza
estagnados, corroídos
onde a esperança é a última que Mara
mas Mara
Malditos olhos azuis
No escuro, azuis teus olhos castanham
na parede as luzes como astros
iluminam tua pele branca
que dança em valsa, falseando sombras
enquanto teus cabelos caem no meu rosto
depois de quatro, dormimos
preferi tua varanda ao quarto abafado
até o galo cantar, até nuvem e chuva modificarem a paisagem
desaparecendo tudo numa tela branca
pausa,
recuperamos o fôlego
escuto tu voz que molha e diz
que mãos no seus cachos é o seu fraco
cachos, são o meu fraco
tem a América do sul nas costas
costas que imitam a terra,
suportando o peso doutro corpo
devorando-o
na noite em que o suor se fez fumaça
úmidos
misturamos tragos
únicos estragos
Brilhantes
Despidos de qualquer bandeira
esgotados, suados e de
peles pretas prateadas
rabiscadas de América do Sul
uivamos pra lua
e temos a certeza:
Não, a lua não é norte americana
Pássaros negros
Aquele homem negro
fuzilado
enquanto dirigia seu carro branco
oitenta tiros
oitenta vezes
lembrou outro negro
fuzilado
em um Fusca
em um nove meia nove
e outra negra
executada
com quatro tiros na cabeça
no banco traseiro de outro carro branco
a cor da pele define
o ar que se deve respirar
apesar das gaiolas
cantam os pássaros negros
porque o verbo é livre
mas tem coisas que não me sai:
corpos matáveis sem culpa;
mortos por política