22 nov GEORGIA HELORA
Georgia Helora
Nome: Georgia Helora
Biografia:
Georgia Helora Silva Moura, 28 anos, poetiza. Mulher, mãe, companheira, graduada em comunicação social – publicidade pela Uni7, pós-graduanda em juventude e mundo contemporâneo pela Faje/BH. Escorpiana, leitora, escritora, assessora de juventudes, catequista, pejoteira. Hoje trabalho como freelancer em comunicação, e voluntariamente trabalho com juventudes no âmbito da formação para juventudes e pessoas que trabalhem com e para as juventudes. Escrevo como forma de me entender e perceber os sentimentos e as relações que nos afetam. Participante pela primeira vez de uma seleção de poemas
Poesias
Mulher de Pedra
Sob o céu que perde a luz, nós nos mantemos intactas
Sobre a terra fria, nossos pés descalços
O som que vem de longe, a noite que chega perto e a lua companheira ficam imóveis. Ficam paradas no tempo todas as coisas, até que eu me mova
Meu coração em pedra foi esculpido
De pedra fui criada
Criada para parar
Para calar
Para ficar
Para aceitar
Para obedecer
Para não ser
Para não viver
Da pedra fui feita para esquecer, ser esquecida e morrer
Mal sabiam eles
Que eu, de pedra fria
Tendo a noite e o dia como parceria
Seria eu de pedra a suportar até quando eu resolver quebrar e voar
Quando esse dia chegar, quando a noite me levar
O céu perderá a cor e ganhará uma estrela
Mas antes disso eu estarei firme, mal sabem eles
Sou forte, serei forte e não cederei a morte
Sou pedra bruta e a lua que me observa de lá
Verá que uma mulher, que essa mulher nascerá.
Na palma da mão aberta
Quando eu penso em amor, é a palavra liberdade que me vem à cabeça.
Quando falo em liberdade, é amor que pulsa no peito.
Estar entrelaçada a minha vida com outras vidas
Com outros sons, com outras cores, com outros amores, é estar viva Seguindo
Andando
Voando
É olhar pro horizonte com a certeza de que nada é certo
Mas que tudo pode ser o que for pra ser.
Ser amor em constante mutação
É ter a liberdade na palma da mão… aberta.
Pequenez
Eu gosto das coisas do céu
Das nuvens dançantes, das cores em degradê, das estrelas brilhantes e tardias, da lua temperamental, do sol inquieto, da chuva fina e calma, e mesmo da tempestade barulhenta Gosto de olhar pra lá e me sentir parte disso, parte do universo
Gosto de pensar em mim como um grão, bem pequeno, minúsculo
Gosto da minha pequenez
É nela que a deusa mãe se concentra mais
É aqui, dentro de mim, que a natureza despeja o mundo
E é daqui, de dentro de mim
Que eu observo com paixão
A via brincar de existir.
Lá de cima, do alto
Olho pro céu e o que eu vejo são cores
Elas brincam com as nuvens
Conversam com o vento
Elas riem de mim, riem até cair
E caem no horizonte feito pipa cortada
Dançando no ar
Pra que o escuro da noite seja cortado pela luzes da cidade
Lá de cima, do alto
Eu posso ver o sorriso das cores
Que vão embora levando com elas a minha gratidão e o meu coração
Que de partida pede calor, que a noite que chega não dá
Mas você que ficou aqui
Do meu lado olhando a tarde partir
Ficou com o sol no bolso
E me deu na mão
Quando segurou a minha
Agora eu sou sol, cor, pipa, céu, noite, luz…
Finda tarde.
Finda a tarde eu aqui na loucura do dia.
As palavras ficam repetindo na minha cabeça latejante.
Várias palavras, nem consigo identificar.
Provavelmente uma lista, ou várias
Das muitas coisas que eu ainda tenho pra fazer.
Não sei por onde começar, não sou boa no caos, tão pouco sou boa na calmaria. Fico oscilando entre estar cheia e vazia, cheia e vazia
De compromissos, atividades, reuniões, coisas pra fazer, ler, escrever, estudar, avaliar, ensinar, cozinhar…
Aí de repente elas me pegam
Me laçam desprevenida, as cores do céu.
Dançando e rindo
E aí eu me lembro que eu posso parar, respirar
E admirar as cores do céu dançando e brincando de ir embora.
Finda a tarde e eu continuo…