22 nov FRANCISCO DANIEL
Francisco Daniel
Nome: Francisco Daniel
Biografia:
Daniel Lima, conhecido como Dali, morador do Jangurussu, poeta, cantor, integrante do grupo A Quebra, participa de Batalhas de MC’s, Saraus, Slam’s, etc. Formado em Ciências Sociais (UFC) é também educador social, professor de Sociologia e escritor, tendo participado dos livros Sarau da B1 – Poetas de Lugar Nenhum (2016); Vozes do Jangu (lançado na Bienal Internacional do Livro do Ceará em 2017); Ruma – Poemas de Saraus (lançado na Bienal Internacional do Livro do Ceará em 2019) e Contos da Cuca (2019).
Poesias
Preterido ou Do Racismo
Ao preterido nada é permitido
um sorriso não é correspondido
nunca é acolhido escolhido
não possui cupido não é preferido
Se sente ferido não se sente pertencido
Se queixa por já ter repetido
a quarta série três anos seguidos
O preterido é estimulado a ser inibido
Não é protegido
homo sacer pra ser sempre atingido
Nem lhe designam à noção de indivíduo
quando muito é assistido
ou pelas câmeras carniceiras assistido
Um dia lembrou ter lido
que uma história havia havido
nada romântico doutro lado do Atlântico
fora trazido vendido espremido cuspido
agredido bastante coagido
veredito estabelecido
futuro decidido por europeus encardidos
Ai de quem tenha reagido!
Não se deu por vencido
não fora convencido
Foi que passou a dar uma de sabido
passou a botar RAP pra passear nos ouvidos
Lembrou em pranto o quanto tinha refletido
logo era chamado de atrevido
por questionar o não-corrigido
o poder corrompido.
E mesmo tendo agido
de modo assíduo precavido
história comum século XXI é perseguido oprimido.
Conclusão, cabe ao seu padrão o atributo de bandido.
“Grito na consciência”
O mundo se acabando e eu quase choro
As causas disso eu já ignoro
Resisto e não imploro
O mal se desencadeando o sagrado agora é profano
Dois corpos na pista e a multidão que só observa
Quase mortos tudo em vista meu coração acelera
Na frente minha mente um tanto conturbada
Alma dilacerada amor se rasteja me torno indiferente
Vejo mais aglomerados famigerados pelo espetáculo
Mais dois agora presos algemados
Um no camburão encurralado xingado
a metra lhe beija ou seja desfecho trágico
Apenas rancor desejo torpor ou qualquer licor
Vícios milícias polícias acidentes evidente grito voraz
Enquanto Belchior aos meus ouvidos fala de amor e de algo mais.