21 set FRANCELIO ALENCAR
Alan Mendonça

Nome : Francélio alencar
Biografia :
Nascido em fevereiro de 1978, na cidade de Tabuleiro do Norte, interior do Ceará, Francélio Figueredo é poeta, contista e compositor. Em 2002, ganhou o prêmio “Cidade de Fortaleza de Literatura” promovido pela FUNCET, na categoria “Conto” com a obra A mulher que virava água. Em poesia foi um dos vencedores do “1º Prêmio Dragão do Mar de Rodas de Poesia e Performance Poética”, em 2003. É autor do livro de poemas Inversos Felizes, de 2003, editado pela Litteris Editora. Escreveu também os livros infantis: A Borboleta e o Jacaré; Amor Menino e Deixe que a Vida Nasça, todos pelas Edições Casa do Conto, em 2008. Publicou também os livros infantis: Valente, o Boi Bumbá (2009); O Sábio Aratu de Sabiaguaba (2010) e As Aventuras de Dom Lelê no Sertão da Poesia (2011), pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará, através do PAIC – Programa de Alfabetização na Idade Certa. Seu último foi Mariposas são feitas de cobre (2012), livro de poesias pela Expressão Gráfica Editora. Em 2018, participou do livro Diversidade e Resistência: Coletânea Literária LGBT, pelo Selo Editorial Aliás, com o poema “Perfumados”. Atualmente é produtor cultural do Sarau Lamarca, da Livraria Lamarca.
Poesias
CAFEÍNA
Nas falas ferozes dos candelabros,
quando a infância ainda brigava comigo
no meio da noite,
minha tristeza chorava.
E chorava pencas.
Ficava sozinho
a escolher os poemas mais frios.
Fico sozinho
ainda escolhendo os caminhos
mais frios.
Tudo que é morte
teimo em transformar em vagalumes.
E ainda não sei escolher.
Penso nas ilhas longínquas das aproximações,
nas amizades fulminantes das agremiações,
no tédio meliante que me faz um bom criminoso.
Saudade é coisa ruim quando não se pode dizer que tem saudade.
Amor é que nem café:
se toma todos os dias
Ou se enlouquece!!!
MANIFESTO AO SENHOR ÓDIO
Em plena alegre madrugada,
quando a diversidade e a alegria
imperava, debochava e dançava,
aos som de nossa latino América,
de tantos combates e beijos apaixonados,
Vi aparecer, da escuridão,
o ódio malogrado da ignorância,
carregando uma metralhadora na mão…
Não entende o ódio,
que as flores e as gentes já nascem libertas
e cheias de cores?
Não compreende, este estúpido
filho da intolerância,
que não pode obrigar,
nem com gritos ou balas,
ninguém a ser como ele mandar?
Não, Senhor ódio,
hoje, não vais fazer morada na minha poesia…
Não o esqueceremos, é claro,
Pois é no dia a dia,
que lembraremos de te apagar
de te banir e te esquecer.
A MENINA DA FEIRA
Vi uma menina correndo na feira.
Pés nos chinelinhos frouxos, quase voava.
Cortava as barracas de frutas, as dos peixes miúdos e de queijo
coalho.
Batia o pé na bunda de tanta carreira a menina que corria na feira.
— Pra quê tanta pressa, moleca? Pra quê essa arrumação? —
Gritou Seu Raimundo(quarenta anos de feira ininterruptos) — Vai
cair com essa sacola na mão!
A baixota nem olhou e nem caiu.
Porque dentro do saco véi, quase rasgando, ela levava livros.
Ela levava livros!
E toda essa correria era só porque queria
chegar antes na aula de redação.
RECADO
Ei macho!
Ei tu aí!
Ei Macho!
O que tu tá fazendo aí, macho?
O que tu faz parado aí, indignado com as meninas?
Com os shorts das meninas, seus decotes, blusinhas, calcinhas
cintilantes!
Ei macho! Que tu faz azilado aí dando pitaco nas vozes das meninas, nos trejeitos, nos gingados, bregafunks, maculelês das minas?
Ei machinho!
É contigo mesmo que tô falando, machinho oficial, atemporal, acerebral, com muito açúcar e pouco sal!
Vê se te orienta!
Não é da sua conta com quem a gata mia ou se contempla. Não te cabe caber no mesmo quarto ou na mesma cama, se tu não foi chamado. Se não é a ti que ela quer ou ama!
Tá indignadinho, tá?!
Então, se indigna, bicho frouxo, com o outro macho do teu lado,
que bate, cala e fere as minas!
Se indigna contigo mesmo
E não dita o teu ditado repetitivo
E opressor!
Ei, macho! É tu mesmo, macho.
Sai da tua fria sala de estar e tira do controle remoto a mão.
Pois tu não controla nada, meu irmão!
Nem as mulheres, nem a vida, nem a cerveja, muito menos a pegação!