FELIPE VIEIRA

Felipe Vieira

POESIA_DE_FORTALEZA-POETA- FELIPE VIEIRA

Nome: Felipe Vieira 

Biografia:

Poeta de saraus, estudante, educador e muitas outras coisas que a vida tem me permitido ser, enquanto um jovem negro que contraria as estatísticas e as políticas genocidas direcionadas ao povo preto.Articulador do Slam da Okupa, participante do Sarau Okupação e ajudando sempre que possível na Biblioteca comunitária Okupação. Tendo no meu “credo” a poética da existência através dos afetos como principal crença social, deixando isso transparecer na poesia e onde mais for possível.

Poesias

Cep’s 2 e 3

Fortal
terra dividida
bairros
números
disparos
asfalto
piçarra
morte
vida
lágrimas
alegrias
raios
rojões
guerra
paz
fronteiras
fracções
irmãs
irmãos
Foda é que eu só ouço o choro de nossas mães.

Poliglota periferia

A(O) artistas periférica(o)
Fala inúmeras linguagens
Muitas mais que o teu inglês
Fala língua da poesia
Que de tão nossa
É tão sua
Fala dos grafites e dos pichos na rua
Que são gritos
Das(os) que não se deixam mais ser silenciadas(os)
Fala a língua do teatro
Não o de grande produções
Sim os das esquinas
Mais reais que tuas peças ficcionais
Fala das artes visuais
As que não estão em museus
Ocupam as mãos nas viagens de busões
São zines aos milhões
Vendido por uns tostões
Que ganham nossos corações
Polissemia poética
Poligamia artística
Poliglota periferia.

Sociologia das esquinas

Foi em uma esquina que me apaixonei
PERDIDAMENTE
Naquela encruzilhada
A primeira vez vi os olhos
Daquela que seria a mulher amada.
Na mesma esquina
Tomei o primeiro porre
Pra esquecer
Arrepender
E me surpreender
Também nessas esquinas
Fiz amizades
Encurtei laços
Joguei bola
Matei aula das escolas
De nova na esquina
Fui abordado
Humilhado
Descobri que o racismo
Não tem nada de velado
Chega uma noticia
Eu de nova naquela esquina
Ouvi que uma amigo foi baleado
Em outra esquina
Assassinado
Talvez as esquinas
Saibam mais de nós
Do que nós mesmos
Pois nelas
Eu fui amado
Odiado
Tive um 38 apontado na cara
Lá também ouve as melhores conversas
Os mais afetuosos abraços
os Adeus mais demorados
Saudemos
Essa bendita encruzilhada
Lá todos os caminhos passam
Nessas ruas entrelaçadas
Que pra muitos foram mais lar
Que a própria casa
Então te vejo na próxima esquina.