22 nov DEBORAH MONTE
Deborah Monte

Nome: Deborah Monte
Biografia:
Deborah Monte Medeiros nasceu em 1991, em Fortaleza, Ceará. É licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestre em Educação pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e cursa a especialização em Escrita Literária (FBUNI). Desde cedo admirou as artes de um modo geral e sua leitura sempre foi diversificada, desde os autores clássicos até os mais contemporâneos. Esse encantamento levou-a a escrever pequenos textos de opinião, crônicas e poesias, que ela dificilmente divulgava até iniciar seu blog Pessoas do Discurso. Após o uso dessa ferramenta digital, seus textos alcançaram outros leitores através da participação em antologias como: Palavreiras da editora autografia, O meu lado serial Killer da editora Ricco e Poesia Livre 2019 fruto do concurso nacional novos poetas.
Poesias
Ventre livre
Alimento da fome e bem-querer,
desatino da ponta que rasga a carne e faz doer
O que irá nutrir e fazer crescer?
O que se assemelha ao infinito, se determina
e tudo retorna e sai da rotina,
sem importar se é menino ou menina
A aflição de um adeus diário,
uma escolha que mais parece papel de otário
Será que estamos fora do páreo?
O consolo nasce ao amar e só assim saber,
nunca bastará a duração que possa ter,
pois os dias estão na contramão de amado ser
Enquanto a existência contada em segundos,
lembra o que os espera : o mundo
Será que é tempo no fundo?
Será que algum dia poderemos perceber?
Para resistir é preciso existir ,sentir e assim viver,
mas nunca se esqueça, que mesmo assim para sempre amo você.
Aonde vão?
Aonde vão os minutos que perdemos?
Aonde vão os pontos quando vencemos?
Aonde vão os sorrisos quando eles saem dos rostos?
Aonde vão os beijos e seus gostos?
Aonde vão as verdades não ditas?
Aonde vão as palavras esquecidas?
Aonde vão os sentimentos quando somos máquina?
Aonde vão as interrupções sabáticas?
Aonde vão os presentes quando conjugamos os futuros?
Aonde vão as bolas que não passam do muro?
Aonde vão as vidas que morrem?
Aonde vão todos que correm?
Aonde vão todos depois do adeus?
Aonde vão os meus eus?
Aonde vão as crianças quando crescem?
Aonde vão as estrelas quando esclarece?
Aonde vão as perguntas sem resposta?
Aonde vão terá volta?
Aonde vão sem parar?
Aonde vão os que decidem ficar?
A epifania do tolo
O tolo que há em mim,
prefere a ignorância pura
Do que presenciar o fim
da sua homérica procura
Qual é o erro de render-se a insensatez?
E porque me apelidam de tolo?
Eu escolho não ter lucidez
E viver como eu , um bobo
Apenas um tolo permite-se,
enganar-se de qualquer jeito
E sem que ninguém duvide,
surpreender-se de si mesmo
Nos devaneios solitários,
o tolo se abastece de suposições
Seria o tolo um otário?
Ou mais um ser com ilusões?
Entre o peso da pena
e a leveza da bola de aço
A trama segue a lenda
do bobo que não é palhaço
Porque então confiar?
Não há inteligência em esperar!
Ao fim o tolo continua a vagar
Ir e vir sem sair do lugar
Das questões inacabadas,
as garantias conquistadas
O tolo abraça sua obsessão velada
e segue olhando todos como quem não sabe de nada
Afinal, bobo quem é?
Se não alguém que tudo vê
Ou talvez quem muito tem fé
Tolo pode ser.
Ausência
Eu não me acostumo sem teu cheiro
Sem o teu barulho
Sem o som dos teus passos
Sem a tua impaciência ao me ver
Sem a tua loucura com o cheiro da minha comida
Sabia que eu ainda fecho o portão pra sair com o carro?
Sabia que eu sento na tua cadeira e fico olhando o quintal?
Eu calei porque outros precisavam chorar mais que eu
Mas eu senti
Eu sinto
Eu lembro do olhar fixo
Do corpo sem força
Odeio ser forte
Carregar nos meus braços
Você
A dor dos outros
…
…
…
…
Finalmente, carregar a minha dor
Fotos suas pela casa
Lembranças na cabeça
A tua alegria não me espera mais na porta
Pelo meu aniversário você veio
Talvez você seja o presente de Natal desse menino que está chegando
Espero que tenha sido sem dor
Só lamento não ter estado ao seu lado
E tantas vezes você esteve no meu
As vezes o meu bom dia e o boa noite só você me dizia
Estivesse como estivesse , com você nunca estive só
Que agora você esteja correndo
Pulando
Brincando
E fazendo festa
Que no dia que eu subir pra brincar
Eu veja aquela alegria espalhafatosa
E eu sinta aquele cheiro de amor de novo.
O Desenho
Como a Vênus renascentista
Tu apareces linda
Nascida do mar
Com traços fortes
E mesmo assim delicados
Eu te escrevo
Trago para uma dimensão menor
A tua luz que me cega
O teu olhar que me queima
A tua boca que só de pensar
Eu consigo sentir
Sem sentir
A tua suavidade areja
Fascina
Por que tu sais da concha?
Por que me deixas ver a tua pérola?
Por que tão rápido quanto abre tu a fechas ?
E eu mortal que sou
Hipnotizo-me
Sinto-te no vento
Na lua
No sol
Vivo com a tua onipresença
Que delírio incurável
O de ter-te para sempre
Dentro da minha prisão
E sempre partir
Dentro do teu mar.