20 nov CARLA DOS SANTOS
Carla dos Santos

Nome: Carla dos Santos
Biografia:
Carla Correia é atriz, performer, estudante do curso de Teatro da Universidade Federal do Ceará e poetisa com especial dedicação á poesia erótica, percorrendo também os caminhos do conto e da crônica, sob a perspectiva da mulher na literatura. Em 2015, compôs a programação do VII Sarau Entre palavras, com dois poemas aprovados. Desde então participou de Sarais pela cidade com poesia autoral e recitando clássicos, com pesquisa na poesia como performance. Dentre eles, o Sarau dos Malditos, produzido pela Underdark Productions. Entre as referências, estão as poetisas Olga Savary, Hilda Hilst, Bruna Lombardi e Gilka Machado.
Poesias
GULA
Me prove com emoção
com gula e sofreguidão
de ter então o que queres
Me trague em devoção
me engula a pleno pulmão
tão voraz quanto puderes
Me coma mesmo com a mão
com a falta de educação
de quem dispensa os talheres.
ADEUS À UM GRANDE AMOR
Tempos de ventania
antecederam meu voo
voei de tua estufilha
da clausura do teu amor
Dois cegos mansos em trilha
candura nociva de flor
Fumaça de esquadrilha
poeira do mel da dor
De ti a minha alforria
a nossa canção tocou
clichê no nascer do dia
manhã ainda sem cor
Teu lembrar em calmaria
minha voz silenciou
fraternal é tua estadia
no pouco que em mim ficou
Anjo de guardaria
tua pequena ainda sou
em alguma data ou dia
que o caos do tempo assolou.
Noivo estás em valia
noiva também eu sou
teu casório na sacristia
o meu nos confins do amor
nas noites de boemia.
DO DESEJO
Desejo é o que corre
em minhas torpes veias
que faz capaz sangria
de nomes, gostos, cheiros
Se faz senhor e servo
de pudores e joguetes
de arrepios, línguas quentes
percorrendo a carne crua
Desejo de profanar
os desejos já vividos
sucumbir em braços fortes
jogar lenha à labareda
Anseio de desnudar
a volúpia de teus corpos
e volúvel a meu modo
comer, morder, molhar
Oh desejo sem limites
és menino arredio
de querer ser soberano
de querer não mais parar.
OS MENINOS
Eu vi o canto baixo dos meninos
a entrar pelos caminhos
a subir no elevador;
Tais meninos como aqueles tão esguios
a brincar por entre os trilhos
sufocando sua dor;
Os vi entontecer em noite brava
com o perfume que embriaga
e praqueja seu clamor;
Rodopiando em meio a fumaça
que ilude como brasa
perjurando terno amor;
A sós sentados aos pés de quem passeia
e por entre eles permeia
sem lhes dar nenhum valor;
Senhores e senhoras tão sisudos
que não ouvem o choro mudo
dos meninos ao redor.
POEMA OFENSIVO
Ofensivo, em súbito
apagaste a luz
de repente, eu mudo
O escuro me seduz
Ofensivo, com pressa
ousaste me tocar
de repente, me resta
teu gosto então provar.
Ofensivos, dois nus
sedentos a bailar
de repente, me pus
a teus poros lambuzar
Ofensivos, sem pudor
nós dois a vadiar
de repente, teu gosto
me inunda o paladar.