BEATRIZ NOGUEIRA

Beatriz Nogueira

POESIA_DE_FORTALEZA-POETA- BEATRIZ NOGUEIRA

Nome: Beatriz Nogueira 

Biografia:

Beatriz Nogueira Caldas, 24 anos, nascida em Fortaleza/CE, é formada em Direito pelo Centro Universitário 7 de Setembro. Escreve poesia desde os 8 anos de idade. Foi primeiro lugar na categoria poesia juvenil no Concurso Coletânea FB, organizado pela Organização Educacional Farias Brito e pela Fundação Demócrito Rocha, nas edições de 2011 e 2012, fazendo parte da Coletânea Escrita & Traço – Uma Canção para Cecília e Escrita & Traço – Patativa do Assaré. Participou da Oficina de Poesia com Angélica Freitas, na Festa Literária 7 de Setembro, em 2017. Participou do Laboratório de Escrita Literária da Caixa Cultural, ministrado pela Substansia, em 2019. É autora do perfil do Instagram @palavrenia, onde publica poesias semanalmente, focando em temas sobre amor próprio, feminismo, família e relacionamentos.

Poesias

Por que é mulher?

De tantos porquês que já me disseram
Restou gravado aquele
Porque é mulher
Porque é mulher
Porque é mulher
Permanente repetição
Mesmo ouvindo tantas vezes
O porquê nunca fez sentido
Por que é mulher?
É minha identidade
Meu ser
Não é uma resposta
A justificativa de um não poder
Sou mulher, é uma afirmação
Nada menos que isso
Sou mulher, e minhas ações
Não são limitadas
Por um substantivo

Só em sonhos

Noite passada sonhei que era sua
E você era meu
Sem interferências, sinais vermelhos, desculpas
Sem mas
Sem a vida batendo na porta
Para dizer que os romances de filmes
De livros, de novela, de séries do Netflix
Não são reais
Sem as palavras que foram postas para fora
Como flecha parte ao alvo
E te acertaram
Sem as dúvidas, inseguranças
Sem o medo de se entregar
Sem os rótulos, as bagagens, as expectativas
Sem precisar ter um lugar
Noite passada sonhei que era sua
E você era meu
E o resto era sem sentido
Por isso não lembro mais
Não são limitadas
Por um substantivo

Reflexo

Você que comigo faz refrão
Para ver o meu reflexo
Reconvexo, rebuscado
Rabiscado no rascunho daquela resma
De papel rasgado, relapso
Refletido na lateral de um refratário
De vidro no refrigerador
Cheio de restos renegados
Precisa entender que sou retrátil
Reativa, mas razoável
Reluzente, mas realista
Como uma reles mortal
Resguardada pelo receio de romantizar
Aqueles que só querem retorcer
As minhas reta.

Para a eternidade

A partida é sempre forte
Dolorida
Sejam ascendentes, descendentes, colaterais
Toda teia da vida sente
A dor ressoa como ondas sonoras
Cada um leva consigo um fragmento
De memória
Uma risada, uma conversa, uma saída
Os momentos bem antes
Como também os bem perto
Da despedida
E os fragmentos vão se fragmentando
De pessoa em pessoa
Geração em geração
Até que em tantos anos
A memória ainda existe, viva
Dentro de cada coração
O que fica é
Aquela imensa saudade
Perdura, mas é isso
A real eternidade.

Paradoxos

Em mim eu tanto sinto
O peso da tua ausência
E o alívio de estar livre
A ausência me consome
E enlouquece
O alívio me consola
E dá esperança
De que um dia não irei mais carregar esse peso
Um dia a liberdade será plena
E eu sairei da corda bamba
De dores e alegrias
Desde o dia
Que te deixei.