21 nov NATÁLIA COEHL
Nátalia Coehl

Nome: Natália Coehl
Biografia:
Sou graduada em Licenciatura em Teatro pelo IFCE, tenho especialização em Mímica e Teatro Físico com a Cia Luis Louis; em dança com Marcelo Evelin, Michelle Moura, Adriana Grechi e Cena 11; e Performance com Tânia Alice, Coletivo Dodecafônico e Desvio Coletivo. Nesse caminho me abri para experienciar poesia por meio do meu corpo, buscando formas de ritualizar e transmutar processos de vida, com as ações: PET, Pachamama, Descarto-me, Descarto-me em coro, Exposição Descartável, Resistência, Aparência, Impermanência, A Morte da Bonitinha (o texto desta experiência performativa, foi publicado no livro Imaginários Urbanos) e Cavalgada Selvagem. Nesse caminho encontrou a escrita como forma de relatar suas experiências físicas ao sentir os efeitos no corpo que virou poeira cósmica
Poesias
ERVA DANINHA
Entre o céu e a terra resistem pessoas
E algumas árvores e bichos
Enquanto vivo o mundo é preenchido
Por um vazio, vazio.
Enquanto piso nesse chão eu sinto nada.
Quer dizer, me sinto muito padronizada.
Desse asfalto não nasce nada.
Nada.
Só ervas daninhas, que brotam das fissuras das calçadas.
Elas vão invadindo, preenchendo, ocupando os espaços vazios da cidade
Enquanto eu observo as cores da verdade
Eu sou uma erva-daninha
eu sou
Me deixa viver.
COMO VIREI POEIRA CÓSMICA
Saltei no abismo
Abro os olhos, vejo raízes.
Elas flutuam sem se agarra a nada.
Em mar aberto é difícil alcançar o fundo.
As raízes boiam na superfície a procura de terra firme.
Desconectada de mim, sinto a impermanência do mundo me puxar pelo redemoinho.
Essa matéria virou poeira cósmica.
Sinto escorrer por entre os dedos tudo que achei que um dia era meu, restando apenas a presença nesse vazio.
De cara com a minha não materialidade percebo os espaços de expansão!
É difícil se abrir…!
Pois assim escancaro as minhas vulnerabilidades, como você as suas.
Revelando esses seres e suas questões.
O universo de dentro é imenso!
É um buraco negro, a deformação do tempo-espaço.
NASCER
A coragem de quebrar a casca protetora da semente,
me dá força para germinar esse ser frágil e suscetível.
Vulnerável, pelos caminhos vou crescendo forte
Meu tronco só engrossa
nesse vazio encontro o todo
aqui tudo pode acontecer
do vazio ao vazio
Saltei para o desconhecido sem me preocupar
abandono as minhas expectativas e apenas vivo a experiência
Feito um bicho que deixa ir o que não lhe cabe mais.
BELEZA TEIMOS
Nasceu uma mulher selvagem no meio da floresta urbana
Uma fêmea arredia trancada entre paredes de concreto
Como se fosse um bicho de estimação
Daqueles que se leva para passear
E mostrar a sua beleza teimosa domada por uma coleira de pérolas.
Ela se olha no espelho a procura de algo que precisa descobrir.
Encarando a si mesma, só consegue enxergar o seu reflexo.
Onde está a mulher selvagem?
Sinto a sua carne, sua pele e seu cheiro.
Arrancando os pedaços que não lhe servem mais,
placas grudadas em seu corpo, que moldavam a sua estrutura estética,
ela começa a si desmanchar, como uma flor que feneceu.
Para, assim, mostrar o seu íntimo e perceber o pulsar da vida.
Corpo latejando, garras crescidas, agarrou a saída para um mundo inesperado.
Sedenta e cheia de desejos uivou para avisar a sua chegada.
TRANSMUTAÇÃO (Natália Coehl e Bruno Rafael)
Numa certa distância sinto o calor do toque das nossas atmosferas,
Me deslocar para o centro do cosmo
Fundindo os corpos
Fervendo as águas
Tremendo a terra
Tempo e espaço se perdem desnorteados, desintegrando nossa matéria
Vagamos poeira cósmica se reagregando em um novo corpo.